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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Das minhas descobertas...

Hoje vou fazer diferente.
Sabe aqueles dias que você acorda e sem esforço algum começa a relembrar algumas histórias que marcaram determinados momentos da sua vida. De vez em quando me deparo com escritores que tem esse poder, entram na minha vida e misturam tudo a ponto de conseguir me fazer mergulhar tão fundo que quase posso sentir o que eles escrevem.
Pois bem, meu primeiro contato marcante aconteceu quando tinha aproximadamente 12 anos e conheci, de fato, Vinicius de Moraes, claro que já sabia de sua existência e talvez já tivesse ouvido muita coisa a seu respeito, mas foi quando li Ausência pela primeira vez que meus olhos brilharam, e não, eu não estava apaixonada, apenas fiquei fascinada pela sua forma de me fazer sentir o que ele sentia...


“Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto"...


Depois disso, minha sede por grandes escritores aumentou cada vez mais, e o impacto que eles me causavam também.

Após descobrir Vinicius, “encontrei” Marcelo Rubens Paiva, é verdade, sinto como se tivesse encontrado, por que seu livro Feliz Ano Velho conseguiu prender minha atenção por dias. É claro que não tinha vivido histórias parecidas com as aventuras que ele descreve no livro, muito menos enfrentado grandes dramas como os que ele viveu, mas a forma como ele conta suas experiências “passando” longe do tipo “livro de auto-ajuda”, me deixou outra vez envolvida.


"De repente vejo pousar uma nota de cinqüenta cruzeiros no meu colo. Era uma velha que tinha jogado e saído rápido. A princípio não entendi, mas depois não agüentei e caí na gargalhada. Ela tinha me dado uma esmola. E como dissera meu amigo paraplégico Silvio: ser deficiente também tem suas vantagens"


Depois disso, em meio a histórias tristes e alegres, poemas sentimentais e alguns amargos, Leminski veio até mim. Cai de amores. Tudo bem que isso não é tão difícil quando falamos de literatura, já que vários escritores exercem um forte poder na minha vida, mas Paulo Leminski é diferente. Na minha opinião, ele é o único que tem o poder de causar diferentes sensações em um mesmo poema, tem o poder de escrever de maneira leve e direta em seus haikais...

“Cortinas de seda
o vento entra
sem pedir licença”


ou mais elaborada em seus livros (não posso citar um, todos são incríveis).
A verdade é que ele me faz viajar...

”Escrevo.
E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?”



Eu não sei se com o passar do tempo tem aumentado também a intensidade do que eles me provocam, pois sim, ao invés de envelhecer e ficar mais “pé no chão”, começo a acreditar que vivo mais nas nuvens, mas isso não vem ao caso, fico feliz de ter encontrado uma válvula de escape e me transportar nem que seja por alguns momentos para outro lugar.
Depois desses três nobres escritores foi a vez de Caio, queria entender, como alguém que tantas vezes escreveu coisas tão amargas pode ser tão incrivelmente doce. Talvez porque ele tenha a capacidade de transparecer sutileza mesmo que escondida atrás de palavras duras. Outra vez cai de amores, não quero ser injusta com nenhum, embora confesse que ele deu uma “empurradinha” em Leminski no “pódio” dos meus escritores favoritos, mas continuo não sabendo dizer qual o melhor.
Voltando ao Caio, tanto Morangos Mofados como Pequenas Epifanias mostram um pouco do misto de doçura e amargura que ele era (sempre fico em dúvida se escrevo era ou é, porque pra mim eles não morreram), ele tem a dose exata, apaixonante. Seu jeito impulsivo e intenso permite uma aproximação imediata minha com o que ele escreve.


"Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto”


Sei que estou sendo injusta com tantos outros que eu conheci e também me marcaram, mas hoje estou “nostálgica” por causa dessas quatros “encantadoras criaturas”, que estão ao “meu lado” constantemente e estimulam um debate “interno” comigo mesma. Complexo? Sim eu sou!
Foto: Henri Cartier-Bresson

Um comentário:

disse...

olha soh... justo no dia que eu não pude estar no msn aparece um texto enorme seu... Amei, amei! Um beijoooo!